Joias de Crioula

Quem assiste a novela das 19hs, “O tempo não pára” já viu que a personagem Monalisa, interpretada pela atriz Alexandra Richter, encontrou algumas jóias de Crioula perdidas no mar. Mas afinal, o que são as jóias de Crioula?
Na época da escravidão no Brasil, muitos africanos que trabalhavam com a arte de fazer jóias, trouxeram consigo seus dons e jeito de trabalhar o ouro transformando-o em verdadeiras obras de arte para a joalheria.
As jóias de Crioula marcaram a identidade feminina de uma época quando a aparência era mais importante do que ser; onde as regras de conduta e de aparência eram muito fortes e as mucamas (que trabalhavam mais próximas dos senhores, ajudavam nos serviços caseiros e acompanhavam sua senhora em passeios) se vestiam de forma mais luxuosa e vistosa, bem diferente das mulheres negras da época do Império.
Mas como é possível que mulheres escravizadas ou mesmo libertas conseguiam o valor necessário para investir em jóias de ouro e prata?
Geralmente, os adereços e jóias que as mucamas usavam eram europeus e doados pela sua senhora para demonstrar status. Uma forma muito comum de renda para a aquisição dessas peças é o comércio ambulante que era a principal atividade no sistema escravista urbano. Os escravos conseguiam sustentar a si e seus senhores e muitas vezes conseguiam juntar o valor necessário para sua alforria e, depois de libertos, era uma maneira de obter ascenção social.
As jóias de Crioula foram desenvolvidas na Bahia para mulheres negras, baseadas nas jóias européias mas com diferença no tamanho e materiais usados. As jóias eram maiores, ocas por dentro e feitas de ouro em sua maioria.
A joalheria negra diferia da joalheria das senhoras pelo volume de cada peça e pela quantidade de colares, anéis e pulseiras que cobriam todo o colo e braços.
A simbologia que permeia as joias de crioula, lembra em muito os movimentos de empoderamento das mulheres negras na contemporaneidade. Mulheres que buscam afirmação por meio da valorização da sua identidade ancestral, da cultura e da estética negra.